terça-feira, novembro 11, 2008

Espalhar brasas



À lareira, o mundo parece sempre mais antigo. Esquecem-se os radiadores que trazem calor sabe-se lá de onde (e ninguém quer mesmo saber, desde que as geringonças funcionem como deve ser). É bom assentar o esqueleto diante da lenha que arde e aplaudir a dança do fogo. Sentir as chamas a chamar pelo conforto. Sentir as labaredas a empurrar o demasiado quente para a roupa até nos obrigar a afastar o tecido da pele. Chamas chamantes. Conforto confortante. À lareira esquece-se o palavreado moderno, fala-se como se quer… é assim que se sente o fogo numa tarde de Inverno. Não é ainda essa estação. Na verdade, é Outono. Não importa. Outono e Inverno são gémeos verdadeiros. Ambos são frio desconsolado, vento nublado e abundância de aguaceiros. São dois espíritos guerreiros de terra esquecida num norte qualquer, ambos homem e mulher, que dão ao corpo vontade de se entregar ao braseiro, sentindo que lá fora começa a chover. A chuva na janela… quem me dera conversar com ela. Às vezes, quero ir com ela, partir, sem vontade de chegar… apenas ir.

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