quinta-feira, dezembro 18, 2008

Aviso cívico


“O programa que se segue pode conter linguagem ou cenas susceptíveis de ferir a sensibilidade dos telespectadores.” O que eu gosto de ver este aviso cívico antes de começar um filme na televisão (pública). Significa que, pelo menos, haverá sexo, violência, calão, ou os três de uma assentada. É claro que também pode correr mal e ser apenas um filme do Manoel de Oliveira. Nunca se sabe. A televisão é mesmo uma caixinha de surpresas (observação de puro sarcasmo, entenda-se). Bem, hoje em dia, com estas coisas de ecrãs panorâmicos achatados, a televisão tem um formato mais assemelhado a uma tablete de chocolate. Enfim, modernices!

Ah! E quando eu chegar aos cem anos quero que me conheçam por esse grande prodígio de realmente não possuir nada de extraordinário para além da própria idade. Pff! E até isso não é assim tão extraordinário, se considerarmos os fósseis pré-históricos (que têm milhões de anos). E os bichos apenas tiveram de preencher o requisito de, em algum momento do tempo, terem existido. Bah!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Beija-me! Vá lá!


O sapo alapado em cima do cogumelo pediu à princesa que o beijasse.

“Vá lá! Vá lá!”

A princesa (não muito esperta, diga-se de passagem) foi na cantiga do batráquio reguila.

“Vem cá! Vem cá!”

O sapo esbugalhou os olhos e encheu o papo de ar.

“Agacha-te tu, que vais ganhar um príncipe!”

A princesa (burrinha, relembre-se) inclinou-se e fez biquinho.

“Toma lá, meu lindo sapinho!”

O sapo fez poing com as pernas e pisgou-se com o beijo para longe.

“Mais um que já cá canta!”

A princesa (claramente idiota) ficou a olhar para o cogumelo.

“Oh! Isso não vale! Batota!”

O sapo pulou no charco, a gabar-se do que aconteceu.

“Não há beijoqueiro como eu!”

A princesa (parva quanto baste) não sabia que os sapos não são príncipes.

“Em outra não volto a cair, não senhora!”

O sapo, cheio de vaidade, que afinal era maldade, continuou a espalhar a sua fama.

“Há cada princesa cegueta! Caem todas na mesma treta!”

A princesa (ui! burrinha, burrinha!) viu um príncipe todo jeitoso.

“Oh! Este sim! Não é um sapo horroroso!”

O sapo, já alapado num cogumelo ali perto, apreciou aquele encontro.

“Princesas! Não aprendem, e pronto!”

A princesa (pronto, tolinha) era mesmo muito burrinha.

“Este, vou agarrá-lo antes de beijá-lo!”

O sapo quase rebentou de tanto rir.

“Um sapo não deixa de ser sapo, mesmo depois de se vestir.”

A princesa (que já cansa com tanta palermice) não ligou para o que sapo disse.

“Oh! afinal, debaixo de tanto trapo, não passava de mais um sapo!”